porque quando realmente me aperceber da tua ausência, quando aquela esperança mínima - mas notável - que me diz que ainda estás cá comigo, morrer, aí sim, o meu mundo vai ruir, porque, meu amor, enquanto esta gota (insignificante para ti) existir, tu existes, o teu olhar existe, o nosso amor e a força que nos une existe, nós existimos, e isso é indestrutível, e enquanto tiver energia suficiente para marcar esperança no meu corpo, eu vou lembrar-me de que sou inútil sem ti, sou um mero risco no universo, cuja existência não tem argumento, não tem sentido. vivemos tantos momentos juntos, agora ténues lembranças do que era ser feliz, porque eu fui feliz contigo, quando tu ainda me amavas e insistias em dizer que nunca me deixarias, porque serias nada sem mim. eu abdicaria de todas aquelas prendas que me ofereces-te quando estava em baixo, de todos aqueles carinhos (na altura honestos), daqueles olhares apaixonados que não me largavam quando estávamos com outras pessoas, como que só existíssemos nós dois, eu abdicaria de todas essas peças do puzzle que construíram o nosso amor, eu abdicaria delas só para que me amasses de novo, isso chegava para me fazer feliz. agora, tudo é diferente, finges que me amas à frente de outros para atenuar as suas duvidas, beijas-me cruelmente quando te exijo um sinal do que ainda sentes por mim é real (apesar de todo o meu ser insistir em dizer-me que isso é uma ilusão), insistes em chegar a casa bêbado e infestado com o cheiro a putas e tabaco, em discutir com o teu hálito nojento a cerveja, e em destruir a minha vida. por isso, quando essa esperança morrer, eu deito-me no chão nu de madeira lisa e fria, e pouso a minha mão no peito: tento não sentir o bater do meu coração, tento convencer-me de que morri, paro a minha respiração, mas continuo a sentir o coração a pulsar, o sangue a correr-me nas veias, mas não te sinto a ti, e por isso, sei que morri… por ti.
porque no fim, acabei por perceber que não, não eras, definitivamente,
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