not always...

... mas pronto, nem sempre - e fui interrompida pelo Não-Sei-Quantos:

- abby, cala-te. - disse, com as maiores das tranquilidades.

TAU. uma estalada ás nove da manhã, de ínicio parecia que aquele gesta seria capaz de acordar a vizinhança do quarteirão inteiro, masele convenceu-me ao segundo segundo após o grande acto de que o vermelhão na sua cara da silhueta da minha mão foi insignificante.

- mas tu és maluca? bateste-me. (não me aleijas-te, bateste-me - ele não disse isto, mas os seus olhos disseram) - gemeu que nem uma miúda.

virei costas, e continuei a barrar a manteiga gordurosa que eu odeio e ele adora no pão integral que custa um dinheirão no Whitnah Market. ignorei por completo a sua queixa.

- abigail, estou a falar contigo! - gritou, provavelmente na esperança que adiantasse alguma coisa - em vão claro.

foi-se embora. durante 13 segundos ouvi o som que a madeira do chão do nosso apartamento fazia quando ele a pisava em passos pesados. se não estou em erro, foi até á sala e voltou.

- OLHA! - era uma ordem, pelo que, obviamente - não obedeci. - Ai é? É assim que queres não é? Não penses que ficas sempre a ganhar. 

PUUUM

consegui ouvir estilhaços de vidro caírem sobre os azulejos pretos da minha cozinha - NÃO ACREDITO, ELE NÃO FEZ ISTO!

virei-me, sem desviar o meu olhar de nível, e fui ter precisamente aos seus olhos, olhei-o, e quase senti a voz empurrar os lábios que uma ira enorme de gritar o quanto o odiava, mas não eram os lábios que o impedia, era o coração.

dei um passo, e olhei para os estilhaços de vidro no chão e a fotografia do meu primeiro concerto morta no azulejo azul manchado de gordura num canto. atirei-me a ele, caímos no chão e deu-lhe murros no impunente peito até me cansar, não lhe doía, isso era certo, dava-lhe um certo prazer ver-me naquele estado de "wild girl". parei, e chorei no ombro dele, ainda deitado no chão. beijou-me.

- abby, vai ser dificil, mas eu sei que nunca vais desistir, prometes que não me deixas desistir a mim?